segunda-feira, 6 de julho de 2009

CANDOMBLÉ DE ANGOLA










Candomblé de Angola
Ao iniciar este artigo intitulado CANDOMBLÉ DE ANGOLA, o faço com a intenção de mostrar aos nossos irmãos algumas coisas que anteriormente ficaram encobertas, impedindo a muitos iniciados de aprofundarem-se nos conhecimentos necessários ao desenvolvimento da nação para prestar sua reverência ao seu inkinse.
Hoje não se vê mais com tanta freqüência os mesmos rituais que eram praticados nos terreiros de maior tradição, em que nos dias de festa se fazia o despacho de Unjira ( Exú ) durante o dia, em cerimônia fechada e, somente restrita ao pessoal da casa, ficando o ritual dos inkinses como parte principal das comemorações, pois, por ser um ritual longo e muito bonito ( Kiambôtê ) era interessante cumpri-lo à risca.
Após cantar ( zuelar ) para todos os inkinses, intermediava-se com saudações ao abanto (povo), inclusive com cânticos de parabéns ( Chérebele ) para o inkinse que estava sendo festejado. Antes de terminar o ritual, lá pela madrugada era cantado cânticos aos elementos e criações que faziam parte do ritual.Em primeiro lugar saudava-se a Lua (Kodiamanbu), depois o Sol (Tata Muilo), a Chuva (Vulaiô) e por último a Terra (Intoutu), ressaltando-se que a primeira cantiga é do galo (Karamborô).
Lamentávelmente já não se vê esse ritual ser desenvolvido na íntegra.Parece-nos que os dirigentes do Kandomblé de Angola têm muita pressa de terminar suas festas, não prestando todas as homenagens aos seres que integram o nosso Kandomblé. Observamos também que o nosso linguajar está bastante deturpado, sendo que a isso devemos responsabilizar aos nossos mais velhos zeladores, que não tiveram o cuidado necessário de passar aos Muzenzas ( Yaôs ), quando da sua iniciação, a origem e forma correta do dialeto, deixando os mesmos usarem linguajar de outras nações.
Exemplo:Insistimos em falar Obí, quando o correto é Dikezu. Falamos Orobô e o certo é Mumbala ou Dikadade. Dizemos Obé e o correto é Pokó (faca). Fósforo que para nós é Kerê Kiankutu, é chamado de Chanan, equivocadamente. Falamos Axé, quando no Angola é Gunzo. Quando nos referimos a casa, falamos Ilê e na nossa nação é Unzó. Até hoje falamos Homin ao nos referirmos a água, e, no Angola água é Amaza ou Meiam. Muitos angoleiros falam Oin refgerindo-se ao mel e o certo é Embá. Sabão é gamazi e não Ochê. Ogã para nós é Tata Kambono, Ekéde é Makóta, Yalaorixá é Mamêto, Babalaorixá é Tatêto, Atabaque é Ingoma, e, ao nos referirmos a roupa falamos Zitanga e não Achó. Não falamos palha da Costa e sim Vumpam. Ao louvarmos os Orixás, quando nos referimos a Ogum dizemos Nkôssi. Ossayn para nós é Katendê e Oxossi é Matakalambô. Xangô é Inzaze ou Zaze. Obaluaiê é Tingongo e Omolú louvamos como Insumbu.
A grande Deusa Inhaçã falamos Matamba, Angurucemanvula. Oxum é Dangualunda. Yemanjá é Kaiare ou Danda Lunda Kukuêto Kaité. A grande Orixá Nanã reverenciamos como Gangazumba ou Zumba, a Erê nos referimos como Vunji, a Oxum Marê falamos Angorô ou Angolô, e, a Oxalá saudamos como Lembá, etc. Nós falamos Ebomi, o correto é Kóta. Falamos quartinha e o certo é Kalhamazi ou gózem. Dizemos Ronkó e no Angola é Bakissi. Usamos muito o portugues, quando deveríamos falar o linguajar do nosso kandomblé.
Por estas e outras, meus irmãos, é que digo que a deturpação está caminhando a passos largos, porém, tenho a certeza que conseguiremos num futuro muito próximo ver nossa religião angolana ou melhor o Candomblé de Angola com seus participantes falando e praticando corretamente o seu ritual.
Até lá.
Nelson Mateus Nogueira

2 comentários:

  1. Poxa Ed! é a primeira vez que frequento o blog e achei bem legal, achei pelo google, Espero que com sua inteligência você possa levar ao conhecimento do público as questõs que envolvem o nosso movimento negro, um grande abraço. Axé !!!

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  2. AXÉ BRUNNO E FIQUE A VONTADE PARA POSTAR QUANDO QUISER...

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